Notícia caiu como uma “bomba” junto aos comerciantes da região que já amargam enormes prejuízos com a interdição da avenida que é importante corredor varejista da cidade
A Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) anunciou, nesta quarta-feira (20), que vai realizar uma nova licitação para as obras de mobilidade, revitalização e restauro, da Av. Nove de Julho, um dos mais tradicionais e importantes corredores comerciais da cidade. A estimativa é de que leve de 60 a 90 dias para a conclusão do novo certame.
A primeira licitação foi vencida no início de 2023 pela Construtora Metropolitana, do Rio de Janeiro. As obras foram iniciadas em 20 de junho, no entanto, a empresa não cumpriu o cronograma e não entregou o que estava no contrato. De junho a dezembro, executou apenas 7,7% dos trabalhos, sendo que o previsto para o fim desse ano era a conclusão de pelo menos 40% das obras.
Com esse cenário, a Prefeitura optou, no início de dezembro, por romper o contrato com a Metropolitana a ainda aplicar uma multa no valor de R$ 2 milhões. A segunda colocada na licitação, a Construtora Rual, de São Paulo, foi consultada se teria interesse em assumir a obra, nas mesmas condições do contrato rompido, mas declinou. Com isso, a Prefeitura terá de relicitar as obras que também incluem a implantação de galerias pluviais em duas ruas do centro de Ribeirão.
A notícia de uma nova licitação caiu como uma bomba e aumentou a indignação dos comerciantes da Av. Nove de Julho e entorno, que já amargam grandes prejuízos desde que as obras começaram e não têm culpa da incompetência dos responsáveis. Com os impactos negativos no trânsito e na acessibilidade dos clientes às lojas, o movimento de clientes despencou e o faturamento também. Muitos empreendedores já demitiram e outros fecharam as portas. Quem pôde deixar a avenida buscou outro ponto e assim a Nove de Julho vem sofrendo um esvaziamento de empresas, sem precedentes.
Como representantes oficiais do Varejo, em Ribeirão Preto, o SINCOVARP (Sindicato do Comércio Varejista) e a CDL RP (Câmara de Dirigentes Lojistas), lideram um Comitê de Acompanhamento das Obras que conta com a participação de outras 21 entidades de classe e empresariais, além de empreendedores impactados pelas obras. Grupo de peso e com representatividade gigante.
O Comitê vem realizando um acompanhamento muito próximo das obras, fazendo uma ponte entre os empresários da Av. Nove de Julho e entorno, e o poder público. Mapeia demandas, levanta pontos de atenção, critica quando precisa e pede providências sempre que necessário, sempre colaborando com a solução.
Segundo André Rezende, coordenador do Comitê de Acompanhamento, a base do trabalho soma equilíbrio e bom senso. “Entendemos as dificuldades que a Prefeitura enfrenta nessas obras, no entanto, é preciso que a Prefeitura também entenda que medidas efetivas e eficientes precisam ser adotadas para evitar que empresas quebrem e que pais e mães de família percam seus empregos. As obras de mobilidade prejudicaram o Varejo em todos os corredores onde foram realizadas, muitas delas com histórico de rompimento de contrato e atraso de cronograma. O Comércio é um dos pilares da economia local/regional e não pode ser tratado assim, afinal, mal saiu de uma pandemia devastadora e já enfrenta tamanho problema novamente”, afirma.
Ainda segundo Rezende, os comerciantes são os olhos e ouvidos do Comitê em cada canteiro de obras. “Eles observam, conversam com os engenheiros, fazem fotos e vídeos, enfim, compartilham tudo dentro do grupo e assim vão ajudando a construir uma atuação forte, inteligente e coerente da sociedade civil organizada. É de ação em ação que vamos pressionando por soluções e convencendo as autoridades de que o Comércio, em especial as micro e pequenas empresas, não merecem passar pelo que estão passando na região da Av. Node de Julho. Seguimos perseverantes!”, finaliza.
Confira a íntegra da Nota à Imprensa, divulgada pelo Comitê de Acompanhamento:
“Diante da confirmação de nova licitação para as obras de revitalização, restauro e mobilidade, na Av. Nove de Julho, e de galerias pluviais no centro, por parte da Prefeitura de Ribeirão Preto, o Comitê de Acompanhamento, liderado por SINCOVARP (Sindicato do Comércio Varejista) e CDL RP (Câmara de Dirigentes Lojistas), se manifesta conforme a seguir:
1 – Os comerciantes lamentam e continuam indignados com a situação vivida pela Av. Nove de Julho e arredores, região tão importante para a história e para a economia de Ribeirão Preto.
2 – Esperamos o máximo de URGÊNCIA, por parte da Prefeitura, para a realização da nova licitação. Tem de ser prioridade!
3 – Com a perspectiva de agravamento da situação e ainda mais prejuízos para os comerciantes da Av. Nove de Julho e arredores, reforçamos nossa sugestão/solicitação (já apresentada à Prefeitura) no sentido de que, em paralelo à licitação maior, sejam adotadas medidas (talvez por meio de uma licitação emergencial, pequena) para a conclusão do trecho 1 das obras, ainda que de forma provisória, visando a liberação da avenida para a circulação de veículos e pessoas, até que o cenário seja decidido.
4 – Até que se conclua a liberação, reforçamos, também, nossa sugestão/solicitação, feita há meses à RP Mobi, de transformação das vias de acesso local em bolsões de estacionamento rotativo para clientes que precisem acessar as lojas no trecho interditado.
5 – Solicitamos (conforme fizemos há semanas) que a Prefeitura realize a limpeza e organização do trecho interditado, periodicamente.
6 – Solicitamos a reorganização do trânsito na região da Av. Nove de Julho, considerando a nova realidade.
7 – Diante da escuridão que se faz presente na Av. Nove de Julho, à noite, comprometendo a segurança de pessoas e empresas, solicitamos a implantação de iluminação especial para o canteiro de obras no trecho 1 inacabado.
8 – Solicitamos o engajamento imediato da Guarda Civil Municipal, no programa Vigilância Solidária, de forma a reforçar a iniciativa conjunta do Comitê e da Polícia Militar, em prol da segurança da região.
9 – O Comitê de Acompanhamento entende que a Prefeitura queira realizar todas as obras de mobilidade que estavam previstas, inaugurando-as ainda nesta gestão. Não somos contrários às obras! No entanto, questionamos a qual custo e sacrifício impostos à sociedade, em especial ao Comércio, isso está acontecendo. Entendemos que uma intervenção desse porte não poderia acontecer sem planos A, B e C, o que nitidamente não ocorreu.
10 – O Comércio Varejista é um dos pilares da nossa economia, que gera milhares de empregos e arrecadação aos cofres públicos, precisa ser mais respeitado, em especial a região da Av. Nove de Julho, por sua importância histórica e econômica.
11 – O Comitê destaca que, há semanas, tem solicitado reunião com as autoridades municipais responsáveis pelas obras de mobilidade afim de participar da construção conjunta de soluções baseadas na viabilidade, equilíbrio e bom senso, porém, nosso pedido foi negado até o momento.
12 – Por fim, como sempre fez, o Comitê de Acompanhamento se coloca à disposição do poder público para colaborar com a visão de quem está sofrendo ‘na pele’ os efeitos negativos dessa grave situação.
Ribeirão Preto, 20 de dezembro de 2023”.
Da Redação
