Famílias começam 2024 com mais intenção de consumir do que no ano passado

Mas a perspectiva de alta nos preços dos combustíveis pode esfriar o ânimo dos brasileiros

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), iniciou o ano com queda de 0,5% em janeiro, descontados os efeitos sazonais, o segundo resultado negativo consecutivo. Mesmo assim, o nível de satisfação (acima dos 100 pontos) foi mantido. Na variação anual, o índice subiu 12,8%.

No entanto, a preocupação com o emprego e com o endividamento ainda está freando o consumo atual. O subindicador que mede a satisfação com o emprego atual está em 127,7 pontos, uma redução de 0,3% em relação a dezembro – um dos fatores que explicam isso é o fato de que nem todos os empregos temporários de fim de ano se converteram em efetivações. Ainda assim, ele aumentou 7,7% na comparação com janeiro do ano passado. Em outra ponta, o subindicador da ICF sobre a perspectiva profissional, mesmo que esteja em 117,7 pontos, na zona de satisfação, caiu 1% neste mês. Essa percepção do consumidor vem retraindo de forma mais intensa desde julho de 2023, mas continua 7,4% acima de 12 meses atrás.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirma que o consumo das famílias brasileiras está em recuperação, mas ainda há desafios a serem superados. “A nossa expectativa é que o cenário econômico continue melhorando nos próximos meses, o que deve contribuir para um crescimento mais robusto do consumo ao longo de 2024”, pontua.

Mais sensação de poder de compra

A desaceleração da inflação desde setembro do ano passado ajudou as famílias a serem mais positivas em relação à percepção sobre a renda atual, com uma sensação de maior poder de compra. Esse indicador atingiu 124 pontos, o maior patamar desde março de 2015. A queda da taxa básica de juros (Selic), que passou de 13,75% para 11,75% ao ano entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, também contribuiu para melhorar a percepção das famílias sobre o momento para comprar bens duráveis. O indicador que mede essa impressão alcançou 74,3 pontos em janeiro, o mais alto desde março de 2020, quando iniciou a pandemia de covid-19. Ainda assim, ele segue na zona de insatisfação – 59,5% dos consumidores apontaram que este é um mau momento para adquirir esse tipo de produto.

Consumidor comedido, mas otimista com o futuro

O subindicador que mede o nível de consumo atual ficou em 92,4 pontos, em janeiro, o que denota insatisfação. Houve queda mensal de 0,7%, mas aumento de 18,1% em comparação com janeiro do ano passado. “O início do ano exige maior controle do orçamento por conta dos gastos específicos do período, como IPTU, IPVA, material escolar e matrículas, entre outros, o que influencia muito no consumo das famílias”, explica o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares. No entanto, a perspectiva de consumo para o futuro continua positiva. Esse indicador ficou em 109,8 pontos em janeiro, acima da neutralidade.

Famílias de menor renda estão mais cautelosas

A queda da intenção de consumir em janeiro foi puxada principalmente pelas famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos, que registraram queda de 0,8%. Já as famílias com renda mais alta tiveram aumento de 0,4%. O subindicador que mede a perspectiva de consumo futuro ficou em 107,5 pontos para as famílias com renda abaixo de 10 salários e em 121,8 pontos para as famílias com renda acima de 10 salários mínimos. Esse foi o item que mais caiu entre as famílias de menor renda (queda de 2%); porém, desde julho de 2023, essa parcela da população se encontra satisfeita com sua expectativa de consumir. Já em relação às famílias consideradas mais ricas, essa sensação de satisfação ocorre desde novembro de 2022.

Risco de pressão inflacionária

Um dos fatores que podem esfriar o otimismo das famílias brasileiras, neste primeiro semestre, é a perspectiva de alta nos preços dos combustíveis. Desde o segundo semestre de 2023, alíquotas de impostos que pesam no preço ao consumidor final estão sendo recompostas pelo governo. Antes da gestão atual assumir, as alíquotas de PIS/Cofins e de ICMS tinham sido reduzidas para combater os efeitos econômicos da crise provocada pela pandemia.

No entanto, o novo governo chegou disposto a restaurar a totalidade dessas alíquotas para aumentar a arrecadação e cobrir o rombo bilionário das contas públicas. No último dia 1 de janeiro, foi a última etapa de reoneração do PIS/Cofins para o diesel e a gasolina. Agora, em 31 de janeiro de 2024, está prevista a última etapa de reoneração do ICMS sobre os combustíveis: R$ 0,15 sobre o litro de gasolina e R$ 0,12 sobre o litro de diesel. E com o aumento da defasagem dos preços internos da gasolina e do diesel, em relação às variações do mercado internacional, deve subir a pressão sobre a Petrobras, para reajustes.

No caso do etanol, com a chegada da entressafra de cana-de-açúcar, a oferta cai enquanto a demanda continua, ou seja, a tendência é de que o preço suba.

Se os preços dos combustíveis sobem, os preços de toda a cadeia produtiva acompanham em efeito cascata. Isso gera pressão inflacionária que pode levar a novo aumento dos juros. Há uma expectativa de que o governo, na próxima semana, adote alguma medida compensatória para neutralizar a reoneração do ICMS.

Fonte: CNC.

Foto: CNC.

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